O conhecimento é o eixo central para a transformação social e para a convivência no semiárido. É preciso entender a realidade para aplicar as intervenções adaptáveis. A entidade parte do conhecimento, do diagnóstico participativo, incorpora as temáticas de interesse e as aptidões das famílias/comunidades. E por meio de metodologias participativas os temas relevantes para a convivência harmoniosa no semiárido vão se formando.
A educação do campo, formal e informal, participativa e contextualizada acontece em eventos diversos de formação e capacitação, participação social, intercâmbios e da Assistência Técnica e Extensão Rural – ATER. Com a Assistência Técnica e Extensão Rural espera-se que os agricultores produzam utilizando técnicas que lhes permitam uma gestão produtiva e duradoura contribuindo com o processo educativo identificando os desperdício e as potencialidades da Unidade de Produção Familiar e a melhoria no manejo alimentar e sanitário dos rebanhos, inserção de técnicas e orientações foram introduzidas à região sendo notada a diferenças em relação aos cuidados com a propriedade, rebanhos, plantação, água, alimentação e com a própria família.
Elemento central para a vida e o desenvolvimento da agricultura familiar, a história da água no semiárido regional vem embutida de escassez, abandono político e o predomínio de um imaginário social de relação puramente divina. Convive também com o mais injusto desperdício do potencial hídrico despejado em tempos de chuva. Continua a ser pauta de reivindicação pela insuficiência de políticas públicas de armazenamento.
“Se quisermos diminuir as desigualdades sociais do semiárido, temos que continuar reivindicando políticas públicas e investimentos para o armazenamento de água”.
A APPJ - Conviver na busca desse direito universal investiu também de forma concreta na infraestrutura hídrica e de Produção. Além da construção de tecnologias sociais de armazenamento, – cisterna de enxurrada e de bica, aguadas comunitárias, barragens subterrâneas e poços artesianos – provocou a discussão a sensibilizou a política e a cultura de armazenamento de água em toda sua área de atuação.
Partindo do pressuposto da baixa capacidade financeira para o investimento na Unidade de Produção Familiar, o financiamento de projetos faz-se necessário. Assim, com recursos do Fundo de Crédito Rotativo Solidário e incentivo ao acesso a políticas públicas de financiamento, intercalada a um processo contínuo de formação e focada na produção agroecológica, várias áreas produtivas foram impulsionadas/implantadas, com 311 pequenos financiamentos da produção por meio do Fundo de Crédito Solidário Rotativo em parceria com o SICOOB Coopere, compatíveis com a aptidão familiar e condições da propriedade rural nas áreas da caprinovinocultura de corte, caprinocultura leiteira, apicultura, piscicultura e avicultura. Com maior abertura do governo no setor dos financiamentos, a entidade buscou a parcerias com instituição financeira (Banco do Nordeste) e encaminhou mais de 60 financiamentos através do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar – PRONAF. O estímulo a infraestrutura produtiva se dá também com a orientação e incentivo das associações participarem das chamadas públicas governamentais para a execução de projetos estruturantes e produtivos em suas comunidades.
A intensão de melhorar a infraestrutura produtiva se concretizou também com a disponibilização de máquinas forrageiras para fabricação de ração animal, implantação de unidades de beneficiamento de leite de cabra e do mel de abelha incentiva também as famílias agricultoras para equipar a sua unidade de produção familiar de modo a facilitar a labuta diária, ter mais rendimento e produtividade.
As conquistas sociais que chegaram ao Semiárido resultam da luta de classe, da reunião, da avaliação, do conhecimento da realidade, da política e da reivindicação de ações e intervenções necessárias, viabilizadas mediante um processo de articulação entre produtores (as) rurais, associações, comunidades, igrejas e sindicatos rurais, com apoio financeiro de órgãos públicos e organizações nacionais e internacionais, aumentando gradativamente estas parcerias. Desta forma, a entidade procura sensibilizar e estimular a criação e fortalecimento dos diversos meios de organização social nas comunidades, municípios e territórios de atuação. Nos preocupamos em manter pontes com Grupos de Mulheres, que produzem artesanatos e alimentos caseiros, através do aproveitamento de matéria prima da região, cujo grande incentivo está na intensificação da produção de derivados de matérias primas regionais em consonância com os princípios da Economia Solidária. Feita uma análise dos resultados destes grupos de produção é possível perceber que esta alternativa tem sido um forte potencial de inclusão onde as mulheres encontram na atividade um meio de produção, ocupação e renda, sendo que faz-se necessário investir nas áreas de estruturação das unidades de produção, estruturação das cadeias intercalados a um processo contínuo de capacitação e adequação da produção às exigências legais.
Único bioma exclusivamente brasileiro, a Caatinga demanda cuidados. É um dos biomas menos estudados e mais devastados do país! Mais de 50% da vegetação nativa já foi desmatada, tem o menor índice de áreas protegidas do Brasil e sua região sofre atualmente com uma estiagem muito forte. O CEFIR ou Regularização Ambiental é uma tentativa de assegurar que pelo menos 20% da vegetação de cada propriedade seja preservada.
A preservação e ou recuperação ambiental é um tema que que está embutido em todas as ações. Intercalado em todas as atividades na busca da construção de um consciência ambiental de responsabilidade e amor para com o meio ambiente. Dentro dessa perspectiva, acontece o incentivo para a ampliação do potencial frutífero, especialmente com espécies adaptáveis, um potencial muitas vezes abafado pela cultura do imediatismo e da economia da água na propriedade.
São mais de 30 anos com ações voltadas à promoção do crescimento integral do agricultor familiar com atividades diversificadas. No entanto, nesta última década a ATER e Formação contribuíram de forma decisiva para consolidação dos indicadores propostos dentro da missão e objetivos da instituição.